Junho de 2010
Numa manhã, Lita foi chamada até à sala de visitas. Ficou admirada, não sabia qual o motivo de alguém ir falar com ela. Devido ao passado que teve não conseguiu arranjar amigos, aliás, arranjava-os mas aproveitava-se deles.
Sentou-se na cadeira e baixou a cabeça até que sentiu alguém à sua frente, quando olhou, ficou incrédula, não percebeu como era possível…
No dia da vingança, ela assassinou aquele que lhe fizera mal, assim pensou. A verdade é que o sujeito foi levado para o hospital e conseguiu sobreviver. Enquanto Lita, foi levada para a prisão pensando que o seu pesadelo tinha chegado, finalmente, ao fim. Agora, só precisava de esperar para sair em liberdade. Mas esse homem, José, foi recuperando e também se queria vingar de Lita. Adorou vê-la presa, e ele ali, livre, como se não tivesse feito nada de mal.
Actualmente, José tinha 45 anos. Era padrasto de Lita. Quando conheceu Emília, a mãe de Lita, esta última apenas tinha 3 anos. O ambiente em casa não era o melhor, a mãe não tinha um trabalho certo. Casou-se com José pensando que este era rico. Ela sabia que se conseguisse ter dinheiro podia dar uma vida melhor à filha. O ex-marido deixou-a quando ainda estava grávida. Teve de fazer tudo, sem a ajuda de ninguém. O problema é que Emília enganou-se. Aparentemente, José tinha ar de pessoa com poder, vestia-se bem mas não passava de uma farsa. Durante os anos de casamento entre ambos, Emília sofreu de violência doméstica, ficando, muitas vezes, sem consciência, e assim, José aproveitava-se de Lita que, indefesa, nada podia fazer. Nestas condições, o medo falou mais alto e aos 14 anos foi abandonada pela mãe, ficando só com aquele que lhe causava grande sofrimento e, mais tarde, fugiu de casa. Desde então, nunca mais viu a mãe, nem manteve contacto com ela. Os anos passaram e Lita tornou-se numa mulher inteligente, bonita, mas sempre lhe faltou, essencialmente, duas coisas para seguir em frente. O amor da mãe e o “obstáculo” que voltou a assombrar-lhe a vida…
Lita: Como é possível estares aqui? (disse de uma forma agitada).
José: Sobrevivi, querida. Não é um milagre? (sorrindo) A tua vida neste lugar não é nada. Mereces algo pior. Eu devia de ter acabado contigo naquele dia, eu sabia que tu ias armar alguma coisa, mas como vês, (sorrindo) estou aqui, nunca te vais ver livre de mim.
Lita: CALA-TE, CALA-TE! Devias de estar morto! (bastante exaltada) - Eu ainda me vou vingar de tiiiii! (sendo levada pelos guardas para cela).
Na cela…
Lita: Não, este medo não se vai apoderar do meu corpo, da minha mente… Não pode! Pessoas medíocres que “comiam” na minha mão, ajoelhavam-se a meus pés… E agora, o meu destino é ficar neste lugar? NÃO! Nem pensar, não vou desistir agora. Ele vai-se arrepender de tudo o que me fez, tudo mesmo. Quem dita as regras sou eu. Mas não é aqui que vou alcançar algo que seja. Tenho de arranjar um plano…
França, Junho de 2011, o dia D?
Lita: Hoje vou sair daqui! Pssst… Preciso de telefonar.
Guarda: Não é permitido.
Lita: Por favor… (fazendo um ar triste).
Guarda: Pronto, está bem, vai lá.
Lita caminhou até aos telefones, esperando obter uma resposta positiva…
Lita: Gabriel?
Gabriel: Lita?? És mesmo tu??
Lita: Sim, sou eu. Queria falar contigo…
Gabriel: Diz, diz! (ficando feliz ao ouvir tais palavras).
Lita: Como estás no “mundo” dos negócios, vais estar por Espanha?
Gabriel: Sim, para a semana, porquê?
Lita: Oh, que coincidência, também vou estar. Sabes como é, espectáculos. Será que nos podemos encontrar?
Gabriel: Oh nem precisas de perguntar. É óbvio que podemos!
Lita: Então depois telefono-te para combinar melhor as coisas. Beijo.
Lita desliga o telefone, não dando hipóteses a Gabriel de se despedir.
De volta para a cela, Lita deitou-se na cama e ficou com um ar pensativo. Já de noite, quando ninguém está a rondar as celas, ela levanta-se com muito cuidado. Em seguida, empurra um pouco a cama, até que aparecem dois guardas…
Guarda 1: Que estás a fazer? (olhando para Lita com um ar suspeito).
Lita: Eu? Ah… Nada, estava só à procura da minha escova de dentes, está aqui. (sorrindo, ficando nervosa).
Guarda 1: Hum… Bem, anda connosco.
Lita: Para onde?
Guarda 2: Vais para um outro lugar…
Lita: Ahn? Porquê??
Guarda 2: Porque amanhã de manhã vais ser levada a tribunal.
Tribunal? Mas o que seria? Será que iam dar mais anos de prisão por um acto de defesa? Tinha de esperar. Se as coisas não corressem da melhor forma para Lita, a única solução era fugir. Deitou-se na cama e adormeceu…
08:00H – Tribunal
Lita entra algemada, sendo levada por dois guardas, senta-se e fica à espera que o juiz comece a falar…
Juíz: Estamos aqui reunidos para falar sobre a tentativa de homicídio por Lita. Esteve presa este tempo todo e a esteve a investigar melhor o lugar do suposto crime e, no meio de umas árvores, conseguiu encontrar uma câmara de vigilância. É verdade que nesse dia, a senhora disparou contra o sr. José para se defender?
Lita: Sim…
Juíz: Hum… Está certo, as imagens mostram-nos isso mesmo. É o seu dia de sorte. Vai sair em liberdade.
Lita estava livre. Foi a melhor coisa que podia ter acontecido neste momento. Assim podia tirar da cabeça aquelas preocupações de a polícia andar atrás dela. Lita sorri e, satisfeita, sai da sala, veste a sua roupa, recebe os seus pertences e pôde, finalmente, respirar ar puro.
Lita encontrava-se em França. Na WWE, podia estar em qualquer lado a pensar na próxima “vítima”, a planear estragos. Era assim a vida dela dentro daquele magnífico “mundo”. Dentro do ringue, podia descarregar toda a sua frustração. Era maravilhosa em tudo o que fazia. Para tentar esquecer tudo, o passado, fez, durante um ano, uma viagem ao mundo, começou pelos EUA, México, Brasil, depois seguiu para Cabo Verde. Mas algo de curioso aconteceu. O sentimento “invadiu-lhe” a alma. Sim, é verdade, Lita não era uma pessoa simpática, durante o seu percurso no wrestling muitos foram as pessoas que testemunharam o seu mau feitio, mas naquele momento, ao ver aquelas crianças, deixou, por um pouco, a guarda cair…
Lita: Quem me ter sido feliz como estas crianças... (baixando a cabeça).
Continuou a sua viagem pela Austrália, Ásia, acabando na Europa, em França, onde foi presa. José tinha trabalho, era camionista. Andava pela Europa a trazer todo o tipo de mercadorias para Portugal. Ainda na sua viagem, Lita viu José a carregar a mercadoria para o veículo e ouvi-o a falar com os colegas que só amanhã se ia embora. Era perfeito para a vingança.
Agora, nada ia correr mal, pois não queria ter o azar de visitar o estabelecimento prisional. Depois de sair da prisão, precisava de um lugar para estar. Foi até a um motel. Ficou alguns dias. Numa manhã, ao sair do quarto para correr, viu um homem. Quando esse sujeito se virou, era José. Escondeu-se até este se ir embora. Foi até à recepção para saber mais informações sobre José.
Lita: Bom dia… Sabe alguma coisa sobre aquele indivíduo que saiu do quarto nº 8?
Recepcionista: Sim, é um camionista. Ele vem sempre para as nossas instalações, passa duas, ou até três noite quando vêm fazer uns trabalhos. Deve ficar só mais esta noite, mas porquê?
Lita: Ah, desculpe, pensava que era um amigo meu, fiz confusão. Quando ele vier aqui, não comente nada com ele, por favor… (dando-lhe uma nota de 50€.) – Obrigada.
Lita virou costas e sorriu…